Uma comitiva de técnicos do Programa Água Doce da Bahia – PAD-BA, realizou uma visita técnica a agricultores familiares, que cultivam camarão marinho em água salobra, proveniente de poços artesianos de Serra Talhada. A articulação inicial foi feita entre os técnicos do Programa Água Doce: Gilvan Lira, Engenheiro de Pesca do IPA e responsável pelo Sistema Produtivo do PAD-PE, e Luciana Rita da Secretaria de Meio Ambiente da Bahia e Coordenadora Estadual do PAD-BA. A organização local do evento ficou por conta do Engenheiro de Pesca da Prefeitura de Serra talhada, Alexandre Honório. A visita ocorreu semana passada.
Os técnicos da Secretaria de Meio Ambiente – SEMA-BA, Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional – CAR, Bahia Pesca e Embrapa puderam ver de perto o manejo de cultivo do camarão marinho, além de ter sido repassado um pouco do histórico, desenvolvimento e experiências da nova atividade, Carcinocultura Marinha Interior, que apresenta um grande potencial e vem crescendo, timidamente, no Estado, desde os trabalhos pioneiros iniciais do IPA, em 2012.
Nesse período, a ideia surgiu da necessidade de agregar valor ao Sistema Produtivo Integrado do PAD-PE, que produzia tilápia com água de rejeito do dessalinizador para beneficiar os agricultores familiares da Agrovila 8, no município de Ibimirim, distante 335 km da capital. O Policultivo do camarão marinho e a tilápia foi experimentado naquela unidade produtiva, onde após 6 meses de cultivo, a despesca nos revelou resultados zootécnicos e econômicos surpreendentes. A partir de então, criamos o Projeto: Mar do Sertão – Carcinocultura Marinha Inferiorizada, onde realizamos outros cultivos pelo Estado, validando a nova tecnologia e aumentando a certeza do grande potencial, que o camarão marinho representa para a região semiárida e do interior, ao ponto de conquistarmos algumas premiações (Prêmio Invoação Aquícola 2019 e 2022) e honrarias (Talento do Ano 2019 e Capa da Revista Aquaculture Brasil), resultantes desse trabalho.
Adicionalmente a isso, o aprofundamento nas pesquisas, nos dá a segurança em afirmar, atualmente, que o camarão marinho e a tilápia são alimentos, que menos consumem recursos naturais do planeta, para serem produzidos, ou seja, o fator de conversão alimentar é mínimo, em torno de 1,5:1 e a quantidade de água consumida pode chegar a 240 litros para se produzir 1 kg de pescado.
Uma outra grande vantagem da implantação dessa tecnologia no semiárido foi a otimização dos poços artesianos de água salobra, que representam em torno de 80% do total de poços da região, onde eram subutilizados pelas demais atividades agropecuárias existente até o momento.
Após dois dias de visitas, os técnicos baianos ficaram bastante entusiasmados com a experiência prática vivida e conhecimentos adquiridos a respeito da implantação, manejo e viabilidade da Carcinocultura Marinha no Sertão pernambucano. “Eles ficaram certos de implantar essa tecnologia nos seus sistemas de dessalinização simplificados na Bahia. Já os Engenheiros de Pesca do IPA e da Prefeitura de Serra Talhada, buscarão viabilizar em suas instituições, uma parceria para otimizar o desenvolvimento da produção de camarão na região do Sertão do Pajeú”, destacou Gilvan Lira.