Como as ondas de calor podem tornar os territórios inabitáveis

No cenário atual de crescimento das emissões dos gases de efeito estufa (GEF), no mundo e no Brasil, as projeções dos modelos climáticos sugerem aquecimentos significativos com variações positivas de até 6ºC em várias regiões do país. O sexto relatório – AR6, do IPCC (IPCC, 2023) indica que o uso inadequado e desigual do planeta terra e sua energia, oriundos da queima de combustíveis fósseis, causaram o aquecimento global, com a temperatura da superfície global atingindo 1,1°C a mais que no período de 1850 – 1900 em 2011–2020.

Os impactos adversos vêm acontecendo de forma generalizada com perdas e danos relacionados à natureza e às pessoas. Neste contexto, pode-se destacar a tragédia recente no Rio Grande do Sul. Segundo o mesmo relatório os compromissos de contribuições nacionalmente determinadas (NDCs) até 2030 mostram que a temperatura continuará aumentando em até 1,5°C na primeira metade da década de 2030. O AR6 aponta que será muito difícil limitar o aumento, da temperatura na terra, em 2,0°C até o final do século XXI. A cada grau de aquecimento os riscos são múltiplos e em todas as regiões do mundo. Estudos realizados, pela NASA, publicados recentemente, mostram um cenário de aumento dos extremos de temperatura para o Brasil, sem precedentes. Regiões do Brasil podem se tornar inabitáveis nos próximos 50 anos, segundo o mesmo relatório. Em destaque, áreas do Centro-Oeste, do Sudeste, do Norte e do Nordeste do Brasil.

Por outro lado, as ações de mitigação e adaptação, seguem lentas e, se implementadas de forma rápida e sustentada ainda nesta década, poderiam reduzir significativamente as perdas e os danos aos humanos e aos ecossistemas. As ações de curto prazo envolvem investimentos vultuosos e mudanças radicais nas formas de produção e estilo de vida, para dizer o mínimo. Os impactos negativos das alterações climáticas podem ser atenuados pela adoção de uma série de políticas públicas que façam frente aos desafios impostos pela emergência climáticas e seu ritmo acelerado, a exemplo da prática de técnicas agrícolas de baixa emissão de carbono. Nossa janela de oportunidade está se fechando.

O agronegócio (modificações no uso do solo, desmatamento, queimadas, poluição de rios e nascentes …) é grande responsável pelas emissões de GGE que aumentam a incidência desses eventos climáticos extremos e tem sido atingido em cheio, com prejuízos pela diminuição de safras, secas e de chuvas em excesso, bem como, levado o país à insegurança hídrica e energética, dado que a base da matriz energética brasileira está estabelecida no insumo água.

Estudo feito pela Nasa mapeou as áreas mais vulneráveis do planeta, destacando o Brasil como um dos locais que enfrentarão mudanças climáticas graves. O mapeamento resultante destacou as áreas que se tornarão inabitáveis, mas também aquelas onde a vida poderá ser extinta.

As recentes crises energéticas colocam em evidência a dependência da matriz energética do país de seus recursos hídricos que são em grande parte dependente da variabilidade das chuvas, que por sua vez, depende das florestas e dos oceanos. As crises energéticas no Brasil têm características de curto prazo e vêm colocando a oferta de energia como prioridade estratégica negligenciando as preocupações ambientais. Parece, cada vez mais certo, que ações resolutas para a diminuição das emissões de GEE somente acontecerão após a ocorrência de catástrofes climáticas, simultâneas e sistemáticas.

Por Francis Lacerda

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NOTA TÉCNICA – Atualizações das alterações climáticas atuais e futuras: O caso de Pernambuco

Nos últimos anos vários trabalhos foram publicados com o propósito de avaliar os cenários resultantes do aumento global da temperatura e seus impactos nos oceanos, na atmosfera, na biosfera, nos seres vivos e nas sociedades humanas. O mês de junho de 2024 foi o mais quente para o período na história da humanidade, de acordo com dados divulgados pelo Serviço de Mudanças Climáticas Copernicus – sistema de observação da Terra da União Europeia, em 08/07/2024.

De acordo com relatório publicado pelo organismo, junho passado registrou uma temperatura média de 16,66ºC, 0,14ºC acima do recorde anterior, de 2023, e 0,67ºC maior que a média do período entre 1991 e 2020. O relatório divulgou que se trata do 13º mês consecutivo de recorde mensal de calor, reforçando as projeções que 2024 deve superar 2023 como ano mais quente na história. Em 2013 o quinto relatório do IPCC concluiu com confiança acima de 90% que o aquecimento global dos últimos é consequência do aumento da concentração de gases de efeito estufa de origem antrópica na atmosfera. E que o Nordeste é vulnerável às mudanças climáticas com processos de desertificação, eventos extremos (secas e chuvas intensas). Pernambuco é hotspot do clima.
A temperatura média global foi 1,64ºC acima da era pré-industrial, nos últimos doze meses, superando a marca de 1,5ºC – meta do Acordo de Paris para o fim deste século. Se essa tendência se mantiver, a humanidade deve conviver nas próximas décadas com aumento constante do nível do mar, ondas de calor mais frequentes e um crescente número de fenômenos extremos, incluindo furacões, secas, ondas de calor, enchentes etc…

Oceanos

As temperaturas da superfície do mar (TSM) também atingiram recordes máximos de anomalias positivas de temperaturas (valores acima do padrão normal) no Atlântico, Pacífico Norte e Índico gerando aumento das temperaturas e ondas em todo o planeta.
Em junho/2024, as TSM atingiram, por 15 meses consecutivos, valores significativos. Os oceanos cobrem 70% da superfície da Terra e absorvem 90% do calor adicional associado ao aumento das emissões de gases do efeito estufa.
Atualmente, estamos entrando num período de resfriamento do Oceano Pacífico, a ‘La Niña’, que tem um efeito de diminuir a temperatura global nos próximos meses.
O observatório Copernicus divulgou que há 80% de probabilidade de que as temperaturas médias anuais da Terra superem, o limite de 1,5ºC nos próximos cinco anos. Os recordes tem graves consequências para a vida no planeta, como um todo, e que estão expostos a eventos extremos cada vez mais frequentes e intensos.

Possíveis Impactos

No caso de Pernambuco, modelos indicam um aumento mínimo de 2ºC e máximo de até 8ºC no NEB (MCTI, 2016). As tendências nas séries históricas das temperaturas diárias máximas e mínimas evidenciaram um aumento de até 5ºC nos últimos cinquenta anos, no Semiárido. No caso da chuva, os estudos recentes sinalizam para duas situações: aumento da frequência de fenômenos extremos (chuvas mais fortes e veranicos prolongados), e redução da precipitação anual (com forte variabilidade) em regiões do Sertão de Pernambuco, com taxas de redução que atingem a casa dos 10 mm/ano. Essas análises remetem a projeções que poderão comprometer a segurança alimentar e hídrica em Pernambuco. Em síntese, os estudos revelaram diminuição das chuvas e aumento no número de extremos climáticos; áreas do semiárido se tornando mais áridas; temperaturas máximas e mínimas em elevação; diminuição na disponibilidade de água no solo e nas bacias hidrográficas e aumento da evapotranspiração. Essas alterações no clima associadas àquelas de natureza antrópica (e.g. desnudamento vegetal) estão causando perdas da biodiversidade e graves impeactos nos ecossistemas. O resultado dos estudos dos impactos da mudança do clima aponta para a necessidade de uma mudança de um novo paradigma socioeconômico em termos de desenvolvimento sustentável e harmônico. A vulnerabilidade social combinada aos efeitos negativos das mudanças climáticas sobre a oferta de alimentos deve agravar a insegurança alimentar. Portanto, as ações de segurança alimentar e nutricional para enfrentar as mudanças climáticas devem focar especialmente nas pessoas e setores sociais mais vulneráveis e em condições socioambientais precárias, que são os que mais sofrem com seus efeitos.

Por Francis Lacerda

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Aconteceu na Semana – 09 a 16 de junho

09 de junho

Presidente Joaquim Neto e Diretor de Extensão Francisco Dantas se reúnem com equipe do IPA Gravatá.

09 de junho

IPA e Secretaria do Turismo se reúnem

No último dia 09, reuniram-se equipe do IPA e da Secretaria Estadual de Turismo para discutir possíveis caminhos a serem trilhados juntos pelas duas instituições. Na reunião, o pesquisador Marcelo Bione apresentou aos presentes o projeto Arboriza Pernambuco, com a intenção de desenvolvê-lo em parceria com a Setur.

12 de junho

IPA esteve presente na posse dos novos Conselheiros do Tribunal de Contas do Estado Eduardo Porto e Rodrigo Novaes.

No evento, que também contou com a presença da Governadora Raquel Lyra, a instituição foi representada pelo nosso Presidente Joaquim Neto.

12 de junho

O IPA recebeu a visita de alunos do curso de Farmácia da Faculdade dos Palmares.

Nesta segunda-feira (12), graduandos do curso de Farmácia da Faculdade dos Palmares visitaram o Laboratório de Botânica/Herbário Dr. Dárdano de Andrade no IPA. Os alunos participaram de atividades com Dra. Rita de Cássia A. Pereira, curadora do Herbário do IPA, e com o pesquisador Dr. Fernando Galindo.

12 de junho

IPA recebe presidente regional do MST

No último dia 12, o presidente Joaquim Neto recebeu Jaime Amorim, presidente do MST em Pernambuco. A pauta do encontro foi viabilizar a produção de arroz orgânico no Estado.

12 de junho

Governo de Pernambuco se reúne com Banco Mundial

IPA se uniu à equipe do Governo de Pernambuco e representante do banco para estudo do projeto que tem como proposta principal impulsionar toda a cadeia de produção agroecológica do Estado, com enfoque no fortalecimento dos pequenos produtores.

O próximo encontro, que deverá acontecer em julho, dessa vez com uma equipe com múltiplas especialidades do Banco, será para a elaboração final de uma Nota Técnica.

Participaram da reunião a Secretária de Meio Ambiente e Sustentabilidade Ana Luíza Ferreira, o secretário de Desenvolvimento Agrário, Agricultura, Pecuária e Pesca Aluisio Ferraz, o presidente do IPA Joaquim Neto, o diretor Geral do ProRural Mychel Ferraz e os assessores da SEMAS Karla Godoy, Walber Santana, Sérgio Mendonça, Ana Célia e Febe de Oliveira, e Auxiliadora Vasconcelos da DAS.

13 de junho

IPA recebe o Circuito de Feiras do Microempreendedor Individual

Na última terça-feira (13), o IPA recebeu uma feira de temática junina como parte das comemorações de São João da instituição. A feira contou com mais de 15 barracas, cada uma comandada por um microempreendedor, que trouxeram comidas típicas, roupas e acessórios ligados à celebração das festas juninas.

A feira durou até quinta-feira (15).

13 de junho

Presidente do IPA recebeu o vereador de Petrolina Ronaldo Silva. Juntos discutiram demandas do nosso Sertão.

13 de junho

IPA atento às demandas do Agreste

O presidente Joaquim Neto se reuniu com os vereadores de Santa Cruz do Capibaribe Nailson e Capilé da Palestina, e com o assessor de comunicação Gilberto Silva.

13 de junho

IPA se reúne com MDA

Na última terça-feira (13), a equipe do IPA se reuniu com a equipe do Ministério de Desenvolvimento e Assistência Social e empresas de Ater de todo o país. A reunião teve foco na troca de experiências entre as instituições.

14 de junho

Presidente Joaquim Neto participa de entrevista na Rádio Jornal

Na quarta-feira (14), o Presidente Joaquim Neto participou do ‘Passando a Limpo’ da Rádio Jornal. No programa, ele esclareceu dúvidas dos jornalistas sobre a instituição e apontou caminhos futuros da empresa.

Ouça: https://site.ipa.br/midia/presidente-joaquim-neto-participa-de-entrevista-na-radio-jornal/

14 de junho

Equipe do IPA se reúne com prefeito de Vicência

No último dia 14, o presidente do IPA Joaquim Neto se reuniu com o prefeito de Vicência Guiga Nunes, com os vereadores João Ilídio e Fábio Dias, e com o assessor Carlos Sousa para analisar potencialidades do município. Piscicultura, tubérculos e apicultura foram algumas das pautas principais.

14 de junho

Climatologista Francis Lacerda, do laboratório de mudanças climáticas do IPA, dá entrevista a programa de rádio da EBC.

Nesta quarta-feira (14), a climatologista Francis Lacerda falou no programa Viva Maria, explicando o fenômeno “El Niño” e esclarecendo dúvidas sobre as previsões para este ano. Francis também lamentou que o Brasil ainda não está preparado para enfrentar o fenômeno.
Ouça: https://radios.ebc.com.br/viva-maria/2023/06/el-nino-mal-chegou-e-ja-se-antecipa-ao-inverno-com-temperaturas-extremas

15 de junho

Presidente visita Escola Educador Paulo Freire

Na quinta-feira (15), o presidente Joaquim Neto visitou a Escola Educador Paulo Freire e deu continuidade à implementação do programa de jovem aprendiz. Durante o encontro, ele ressaltou aos estudantes a importância de um programa como este para o desenvolvimento profissional e acadêmico dos jovens.

15 de junho

IPA realiza em Floresta palestra em continuidade às atividades alusivas à Semana do Meio Ambiente

Na última quinta-feira (15), em Floresta, Sertão de Itaparica, a convite do Educandário Pequeno Aprendiz, palestra com o tema: MEIO AMBIENTE, CONHECER PARA PRESERVAR, na qual participaram professores e 69 alunos.

No evento, conduzido pelo Extensionista Tito Antônio Ferraz Jota, foram abordados temas como, por exemplo, os fatores e ações que promovem o desequilíbrio ambiental, bem como tecnologias e ações que podem recuperar e diminuir os efeitos nocivos das atividades humanas, com ênfase nas atividades agropecuárias.

15 de junho

Extensionistas do IPA participaram da reunião ordinária do Conselho Distrital de Fernando de Noronha

No dia 15 de junho, foi realizada em ordem do dia uma sessão ordinária para apresentação do Diagnóstico Socioeconômico e Produtivo, fase inicial do Programa AgroNoronha.

Os conselheiros distritais esclareceram dúvidas sobre cronograma de visitas às comunidades, parceiros envolvidos e planejamento de ações posteriores.

15 de junho

Nesta quinta-feira (15), o IPA esteve presente na reunião da CAISAN, a Câmara Setorial de Segurança Alimentar e Nutricional, representado pelo nosso presidente Joaquim Neto.

O Instituto se uniu a todos os órgãos estaduais e instituições ligadas à agropecuária, saúde, assistência social e mulheres para se aprofundar nas políticas/programas adotados pelo Governo Federal no combate à insegurança alimentar no país.

16 de junho

Café da manhã junino alegra manhã do IPA

Nesta sexta (16), no pátio da sede do IPA aconteceu o Café da Manha Junino. O evento contou com a presença de todos os setores locados na nossa Sede.

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Pesquisadora Francis Lacerda fala sobre climatologia e projetos em Pernambuco

A pesquisadora e climatóloga Francis Lacerda conversou com nosso coordenador de comunicação Daniel Cruz sobre climatologia, o trabalho do climatólogo e os projetos que estão sendo desenvolvidos aqui em Pernambuco com o apoio do IPA. Confira a primeira parte da entrevista:

Daniel Cruz: Doutora, primeiramente, o que faz uma climatóloga?

Francis Lacerda: A gente também pode chamar de climatologista. O climatologista ou climatólogo estuda as séries históricas de variáveis meteorológicas, como precipitação ou temperatura. Enquanto o previsor do tempo, o meteorologista, se preocupa com o tempo presente, o climatologista se preocupa com a história do tempo. Ou seja, pra você falar de clima, você precisa expressar o seu conhecimento de no mínimo 30 anos, 40 anos de uma região. No caso das mudanças climáticas, você tem que usar séries históricas superiores a 50 anos, 100 anos, para poder entender o clima.

Daniel: E quando começou seu interesse por essa área?

Francis: Faz parte da história da minha vida. Eu sempre gostei de física e matemática. E antes de tentar vestibular eu tava na dúvida se fazia engenharia elétrica, física ou matemática. Mas eu queria estudar física e matemática em uma aplicação. E aí conversando com uma socióloga, professora da Universidade Federal da Paraíba, ela falou pra mim “Ah, se você gosta tanto de física e matemática, e quer ver elas sendo aplicadas, estuda meteorologia”. E eu realmente fiquei encantada. Me apaixonei pela meteorologia.

Daniel: Quais são os seus trabalhos e projetos profissionais aqui no IPA no momento?

Francis: Nós chegamos aqui na década de 90 e montamos o primeiro laboratório de previsão de tempo de Pernambuco. Isso é uma alegria falar. Esse laboratório que na época era o LAMEPE (Laboratório de Meteorologia de Pernambuco), que foi inaugurado no governo de Joaquim Francisco, foi montado aqui no IPA com toda a sofisticação que naquela época permitia o instituto ter. Então a gente tinha uma antena de recepção de satélite, recebíamos as imagens dos satélites meteorológicos europeu e americano em tempo real, e isso no começo da década de 90, já tínhamos um aparato de ciência e tecnologia agregado aos nossos métodos. Nós não dependíamos mais dos americanos. E essa rede era toda movida por energia solar naquela época, não usávamos energia fóssil nem suja, e as estações que mediam as variáveis meteorológicas que eram necessárias para nossas previsões já faziam em tempo real sem a mão humana e toda movida pela energia do sol.

Daniel: Isso em que ano?

Francis: 95.

Daniel: Já estava na vanguarda, né?

Francis: Já estava na vanguarda e no estado arte da ciência do clima, aqui em Pernambuco, aqui no IPA.

Daniel: Falando sobre energia solar, eu me lembrei agora do projeto ecolume. Vamos falar um pouco sobre seu envolvimento com esse projeto.

Francis: Esse projeto a gente escreveu em 2017, por ocasião do lançamento de um edital do que convocava os cientistas e pesquisadores do Brasil para solucionarem os problemas que traziam as mudanças climáticas. Então a mudança climática tem uma série de consequências, uma delas é a escassez de alimento, a escassez de água. E nós estamos com as nossas energias não renováveis também findando. Já sabemos que o petróleo e o carvão têm os dias contatos. Então, diante desse problema, qual seria a solução? Como podemos garantir a segurança hídrica, energética e alimentar fazendo frente a essa questão das mudanças climáticas e estudando por biomas. Nesse caso, foi o bioma caatinga. Então nós apresentamos a proposta, que foi contemplada. Um dos projetos que recebeu mais recursos do CNPQ, e tô muito feliz com esse projeto. É um projeto que a gente tá tocando lá em Ibimirim, no coração do semi-árido. Nós acabamos de apresentar ele em Dresden, na Alemanha, ele foi selecionado no maior evento de economia circular que o hoje o mundo faz. A gente apresentou no ano passado no congresso nacional, a gente apresentou na Semana Nacional de Ciência e Tecnologia. Então a gente vem se destacando nesse projeto.

Daniel: Teve até uma capacitação de 700 pessoas sobre tecnologia solar, não foi?

Francis: Isso. A gente prototipou essa solução. Foi uma solução que a gente propôs ao CNPQ. Uma solução que integra as três seguranças: hídrica, alimentar e energética, de forma circular e sinérgica. Dentro de um nexos, que é uma metodologia que faz a integração dos 3 eixos. Então a gente teve oportunidade de montar um sistema agrovoltaico, um termo que foi cunhado e hoje a gente já pratica esse tipo de agricultura, que faz frente à agricultura convencional. É uma agricultura de baixo carbono, em que você produz numa área pequena e libera as terras para o reflorestamento, o recaatingamento. A gente montou e prototipou lá no SERTA, na escola onde esse projeto foi implantado, fizemos uma integração com os alunos da agroecologia. Foram eles que montaram junto com a gente. Lá temos uma unidade de 28m², protegida por 10 painéis, que alimentam de energia a escola e fazem o bombeamento de água pra dentro do sistema de aquaponia, que fica na sombra. Essa questão de ficar na sombra a produção de alimentos é interessante porque aumenta a eficiência energética das placas. Elas produzem muito mais do que se tivessem no telhado das casas. Isso acontece porque a temperatura do semi-árido chega às vezes a próximo de 40 graus, e baixa a eficiência das placas e passam a produzir menos energia, causa um superaquecimento. E as plantas embaixo das placas promovem um microclima que refresca os painéis solares. Então estamos tendo uma produção de energia e de alimentos maior do que esperávamos, devido à adaptação das plantas. Construímos uma espécie de viveiro. Cercamos com uma tela e criamos um viveiro do século 21, que produz a sua própria água. Na área onde os painéis solares estão instalados há uma captação de água de chuva, que vai direto para cisterna e volta novamente para alimentar o tanque com os peixes. A quantidade de evaporação é mínima e a gente tem uma produção o ano inteiro de alimentos de proteína animal e vegetal, e de energia, porque são 365 dias do ano o sol reinando no céu do semi-árido de Pernambuco.

Fonte: Núcleo de Comunicação

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