O plantio de milho no bioma rende R$ 3 mil por hectare ao ano, enquanto a instalação de placas solares dá ganhos de até R$ 1,5 milhão ao ano, por hectare. “Nesse caso, se não chove, a produção de energia consorciada com alimento, água e reflorestamento é uma chave para a transformação, conforme tem sido possível demonstrar no Sertão de PE, através da Unidade Ecolume Agrofotovoltaico em funcionamento, ora financiada pelo Ministério de Ciência e Tecnologia (MCTI/CNPq)”, disse no Senado, Francis Lacerda, pesquisadora do IPA e do Ecolume.

Na última semana, quando celebrou o Dia Nacional da Caatinga (28/04), o Congresso Nacional realizou nas duas casas legislativas atividades para destacar o único bioma 100% brasileiro. Em audiência no Senado, a rede Ecolume destacou que podem existir, de fato, mais riquezas e oportunidades neste ecossistema diante das mudanças climáticas. Entretanto, para isso, a produção rural carece de políticas adaptativas ao novo comportamento do clima, como um Sistema Agrofotovoltaico.

“A Caatinga tem muitas riquezas se observadas as suas propriedades ambientais e socioeconômica, ainda mais agora com as mudanças do clima, mas o modo de produção, sobretudo da alimentação, precisa ser adaptada ao fenômeno climático, dado que até as espécies nativas já estão ameaçadas, como o umbu, agravada pela desertificação mais acelerada e o desmatamento”, falou a climatóloga da rede Ecolume e do Instituto Agronômico de PE (IPA), durante a audiência no Senado, realizada na última quarta-feira (27), a convite da Comissão de Meio Ambiente (CMA) da Câmara Alta. 

O debate reuniu alguns especialistas no tema para destacar o potencial socioeconômico do bioma na busca de trazer um novo olhar, da escassez à abundância da Caatinga. Francis apresentou uma tecnologia social do Ecolume simples/barata instalada no Sertão do Moxotó em Pernambuco. Exibiu o Sistema Agrofotovoltaico (Save) onde apresenta vantagens no contexto das mudanças do clima para a produção consorciada de energia, comida, água e ainda aposta no reflorestamento de espécies nativas, como o umbu e o licuri. 

“Mesmo com cenários mais severos de escassez pluviométrica frente às mudanças climáticas, o Save garante a produção de alimentos saudáveis e orgânicos o ano todo. É um sistema autossuficiente em termos de energia e água. Ainda promove a captação de água de chuva nos painéis solares. Por fim, promove o reflorestamento das áreas em processo de degradação ambiental através dos viveiros Ecolume”, falou Francis aos senadores presentes, bem como aos deputados federais nos três dias de exposição Riquezas da Caatinga – possibilidades e potencialidades do bioma -, realizada no Espaço Mário Covas, da Câmara.

O Ecolume defende que as políticas públicas para o bioma para se gerar tais riquezas abundantes carecem de inverter a diretriz da água para o sol. “Com a mudança do clima, o que era semiárido está virando deserto. Logo, mais que mitigação, manter a aposta em medidas que demandam água para a produção rural, carece de meios adaptativos, como o Save. Do contrário, a maioria das famílias no local continuará sem abundância, e aquelas que ainda produzem com o velho paradigma deixarão de se manter pelos meios ultrapassados”, explica a pesquisadora do Ecolume.

Os primeiros resultados do Ecolume impressionam. Numa pequena área de apenas 24 m², instalado na escola Serta em Ibimirim/PE, o rendimento anual é de R$ 10.362. O montante consiste na produção de 130 kg de peixe (R$ 2,6 mil), 750 ovos de galinha (R$ 365), 810 unidades de vegetais (R$ 1,6 mil), 200 mudas de plantas nativas (R$ 3 mil) e mais R$ 2,4 mil anual com a produção de 4.8 mil KWh das placas fotovoltaicas.

Fonte: Núcleo de Comunicação