Nota Técnica – Emergência Climática: Eventos Extremos
Confira nota técnica produzida pela pesquisadora do IPA e climatologista, Francis Lacerda:
Confira nota técnica produzida pela pesquisadora do IPA e climatologista, Francis Lacerda:
Confira nota técnica produzida pela pesquisadora do IPA e climatologista, Francis Lacerda:
por Francis Lacerda
Confira nota técnica desenvolvida pela climatologista e pesquisadora do IPA, Francis Lacerda
A climatologista Francis Lacerda, pesquisadora do IPA, foi destaque em entrevista ao programa Viva Maria, da EBC, onde analisou os resultados da COP29, realizada em Baku, Azerbaijão. Durante a conversa, Francis expressou sua preocupação com os desdobramentos da conferência, que deixou países em desenvolvimento e ambientalistas insatisfeitos. “O acordo de US$ 300 bilhões anuais até 2035 para o financiamento climático é insuficiente frente à expectativa de pelo menos US$ 1 trilhão por ano até o final da década”, ressaltou.
Francis também alertou para os desafios climáticos que o Brasil poderá enfrentar nos próximos anos, destacando o impacto do fenômeno La Niña. Segundo a pesquisadora, o fenômeno será um fator crucial a ser considerado na COP30, que ocorrerá em Belém, em 2025.
Para a pesquisadora do IPA, o Brasil terá a oportunidade de assumir um papel central nas discussões climáticas globais na próxima conferência, reforçando a necessidade de maior comprometimento internacional com políticas efetivas de enfrentamento à crise climática.
Confira a entrevista completa no programa Viva Maria!
Por Francis Lacerda
Confira nota técnica desenvolvida pela pesquisadora do IPA e climatologista, Francis Lacerda
Por Francis Lacerda
Confira a nota técnica desenvolvida pela climatologista e pesquisadora do IPA, Francis Lacerda
Por Francis Lacerda
Confira a nota técnica escrita pela pesquisadora do IPA e climatologista, Francis Lacerda.
Confira a nota técnica desenvolvida pela climatologista e pesquisadora do IPA, Francis Lacerda.
No cenário atual de crescimento das emissões dos gases de efeito estufa (GEF), no mundo e no Brasil, as projeções dos modelos climáticos sugerem aquecimentos significativos com variações positivas de até 6ºC em várias regiões do país. O sexto relatório – AR6, do IPCC (IPCC, 2023) indica que o uso inadequado e desigual do planeta terra e sua energia, oriundos da queima de combustíveis fósseis, causaram o aquecimento global, com a temperatura da superfície global atingindo 1,1°C a mais que no período de 1850 – 1900 em 2011–2020.
Os impactos adversos vêm acontecendo de forma generalizada com perdas e danos relacionados à natureza e às pessoas. Neste contexto, pode-se destacar a tragédia recente no Rio Grande do Sul. Segundo o mesmo relatório os compromissos de contribuições nacionalmente determinadas (NDCs) até 2030 mostram que a temperatura continuará aumentando em até 1,5°C na primeira metade da década de 2030. O AR6 aponta que será muito difícil limitar o aumento, da temperatura na terra, em 2,0°C até o final do século XXI. A cada grau de aquecimento os riscos são múltiplos e em todas as regiões do mundo. Estudos realizados, pela NASA, publicados recentemente, mostram um cenário de aumento dos extremos de temperatura para o Brasil, sem precedentes. Regiões do Brasil podem se tornar inabitáveis nos próximos 50 anos, segundo o mesmo relatório. Em destaque, áreas do Centro-Oeste, do Sudeste, do Norte e do Nordeste do Brasil.
Por outro lado, as ações de mitigação e adaptação, seguem lentas e, se implementadas de forma rápida e sustentada ainda nesta década, poderiam reduzir significativamente as perdas e os danos aos humanos e aos ecossistemas. As ações de curto prazo envolvem investimentos vultuosos e mudanças radicais nas formas de produção e estilo de vida, para dizer o mínimo. Os impactos negativos das alterações climáticas podem ser atenuados pela adoção de uma série de políticas públicas que façam frente aos desafios impostos pela emergência climáticas e seu ritmo acelerado, a exemplo da prática de técnicas agrícolas de baixa emissão de carbono. Nossa janela de oportunidade está se fechando.
O agronegócio (modificações no uso do solo, desmatamento, queimadas, poluição de rios e nascentes …) é grande responsável pelas emissões de GGE que aumentam a incidência desses eventos climáticos extremos e tem sido atingido em cheio, com prejuízos pela diminuição de safras, secas e de chuvas em excesso, bem como, levado o país à insegurança hídrica e energética, dado que a base da matriz energética brasileira está estabelecida no insumo água.
Estudo feito pela Nasa mapeou as áreas mais vulneráveis do planeta, destacando o Brasil como um dos locais que enfrentarão mudanças climáticas graves. O mapeamento resultante destacou as áreas que se tornarão inabitáveis, mas também aquelas onde a vida poderá ser extinta.
As recentes crises energéticas colocam em evidência a dependência da matriz energética do país de seus recursos hídricos que são em grande parte dependente da variabilidade das chuvas, que por sua vez, depende das florestas e dos oceanos. As crises energéticas no Brasil têm características de curto prazo e vêm colocando a oferta de energia como prioridade estratégica negligenciando as preocupações ambientais. Parece, cada vez mais certo, que ações resolutas para a diminuição das emissões de GEE somente acontecerão após a ocorrência de catástrofes climáticas, simultâneas e sistemáticas.
Por Francis Lacerda
Nos últimos anos vários trabalhos foram publicados com o propósito de avaliar os cenários resultantes do aumento global da temperatura e seus impactos nos oceanos, na atmosfera, na biosfera, nos seres vivos e nas sociedades humanas. O mês de junho de 2024 foi o mais quente para o período na história da humanidade, de acordo com dados divulgados pelo Serviço de Mudanças Climáticas Copernicus – sistema de observação da Terra da União Europeia, em 08/07/2024.
De acordo com relatório publicado pelo organismo, junho passado registrou uma temperatura média de 16,66ºC, 0,14ºC acima do recorde anterior, de 2023, e 0,67ºC maior que a média do período entre 1991 e 2020. O relatório divulgou que se trata do 13º mês consecutivo de recorde mensal de calor, reforçando as projeções que 2024 deve superar 2023 como ano mais quente na história. Em 2013 o quinto relatório do IPCC concluiu com confiança acima de 90% que o aquecimento global dos últimos é consequência do aumento da concentração de gases de efeito estufa de origem antrópica na atmosfera. E que o Nordeste é vulnerável às mudanças climáticas com processos de desertificação, eventos extremos (secas e chuvas intensas). Pernambuco é hotspot do clima.
A temperatura média global foi 1,64ºC acima da era pré-industrial, nos últimos doze meses, superando a marca de 1,5ºC – meta do Acordo de Paris para o fim deste século. Se essa tendência se mantiver, a humanidade deve conviver nas próximas décadas com aumento constante do nível do mar, ondas de calor mais frequentes e um crescente número de fenômenos extremos, incluindo furacões, secas, ondas de calor, enchentes etc…
Oceanos
As temperaturas da superfície do mar (TSM) também atingiram recordes máximos de anomalias positivas de temperaturas (valores acima do padrão normal) no Atlântico, Pacífico Norte e Índico gerando aumento das temperaturas e ondas em todo o planeta.
Em junho/2024, as TSM atingiram, por 15 meses consecutivos, valores significativos. Os oceanos cobrem 70% da superfície da Terra e absorvem 90% do calor adicional associado ao aumento das emissões de gases do efeito estufa.
Atualmente, estamos entrando num período de resfriamento do Oceano Pacífico, a ‘La Niña’, que tem um efeito de diminuir a temperatura global nos próximos meses.
O observatório Copernicus divulgou que há 80% de probabilidade de que as temperaturas médias anuais da Terra superem, o limite de 1,5ºC nos próximos cinco anos. Os recordes tem graves consequências para a vida no planeta, como um todo, e que estão expostos a eventos extremos cada vez mais frequentes e intensos.
Possíveis Impactos
No caso de Pernambuco, modelos indicam um aumento mínimo de 2ºC e máximo de até 8ºC no NEB (MCTI, 2016). As tendências nas séries históricas das temperaturas diárias máximas e mínimas evidenciaram um aumento de até 5ºC nos últimos cinquenta anos, no Semiárido. No caso da chuva, os estudos recentes sinalizam para duas situações: aumento da frequência de fenômenos extremos (chuvas mais fortes e veranicos prolongados), e redução da precipitação anual (com forte variabilidade) em regiões do Sertão de Pernambuco, com taxas de redução que atingem a casa dos 10 mm/ano. Essas análises remetem a projeções que poderão comprometer a segurança alimentar e hídrica em Pernambuco. Em síntese, os estudos revelaram diminuição das chuvas e aumento no número de extremos climáticos; áreas do semiárido se tornando mais áridas; temperaturas máximas e mínimas em elevação; diminuição na disponibilidade de água no solo e nas bacias hidrográficas e aumento da evapotranspiração. Essas alterações no clima associadas àquelas de natureza antrópica (e.g. desnudamento vegetal) estão causando perdas da biodiversidade e graves impeactos nos ecossistemas. O resultado dos estudos dos impactos da mudança do clima aponta para a necessidade de uma mudança de um novo paradigma socioeconômico em termos de desenvolvimento sustentável e harmônico. A vulnerabilidade social combinada aos efeitos negativos das mudanças climáticas sobre a oferta de alimentos deve agravar a insegurança alimentar. Portanto, as ações de segurança alimentar e nutricional para enfrentar as mudanças climáticas devem focar especialmente nas pessoas e setores sociais mais vulneráveis e em condições socioambientais precárias, que são os que mais sofrem com seus efeitos.
Por Francis Lacerda