IPA encaminha parceria de pesquisa com empresa alemã                                 

O primeiro experimento será com o cultivo de lentilha d’água no semiárido pernambucano 

Na última terça (29), o presidente do IPA, Joaquim Neto, recebeu a visita de Onder Gun (operador), e Magnus Mollgaard (coordenador), representantes da empresa alemã IAK Agrar Consulting, que vem realizando experimentos com a lentilha d’água no município de Mirandiba, Sertão Pernambucano. A planta, de alto teor proteico, é utilizada, com excelentes resultados, tanto na alimentação de animais como de também seres humanos.

O destaque é que a lentilha pode ser produzida de maneira sustentável em tanques, proporcionando um uso mais eficiente dos recursos hídricos e minimizando impactos ambientais, e com produtividade capaz de atingir cerca de 6 toneladas de proteína por hectare/ano. Um panorama que pode contribuir significativamente para a segurança alimentar local.

O IPA está estudando a possibilidade de estabelecer uma parceria com a IAK Agrar Consulting, visando trazer essa tecnologia inovadora para a região. A união de conhecimentos e esforços promete não apenas transformar a agricultura local, mas também abrir portas para colaborações internacionais que impulsionarão o desenvolvimento sustentável, sendo o Ministério da Agricultura alemão um dos possíveis colaboradores. A Estação Experimental do IPA em Serra Talhada está cotada para sediar o núcleo inicial do projeto.  

“Pernambuco sempre foi um estado de vanguarda e o IPA vem ao longo da história agropecuária de Pernambuco realizando pesquisas por meio de parcerias que já resultaram em conquistas marcantes , a exemplo a produção de cebolas por meio de vernalização pela primeira vez no país, a produção de semente de tomates adaptados ao semiárido que alcançou o feito de ser a semente mais vendida do Brasil. Estamos retomando essas referências para atender as demandas atuais dos produtores rurais  do nosso Estado” disse Neto.

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Artigo – O aproveitamento de aquíferos: o caso Mirandiba | Por Geraldo Eugênio

Pernambuco conta com outros aquíferos que podem ser explorados nos próximos anos, inclusive este em referência se estende desde São José do Belmonte, passando pelos municípios de Mirandiba, Carnaubeira da Penha, Serra Talhada, alcançando Betânia.

Onde fica Mirandiba?

Um dos vinte municípios que integram a região do Sertão do Pajeú que dista 470 quilômetros de Recife e ao redor de 60 de Serra Talhada. Até não muito tempo atrás era caraterizado como uma comunidade dedicada à agricultura de cultivos de milho, feijão, mandioca e à pecuária bovina e caprina.

Deslocada ao redor de dez quilômetros da rodovia BR 232, só ia a Mirandiba quem tinha negócio, como se fala aqui no Sertão. Um lugar isolado e muito pouco conhecido. Tudo mudou quando há cerca de vinte anos alguns agricultores locais acostumados a plantar cebola e tomate atentaram para a fruticultura.

Sorte de uns, azar de outros, ou vice-versa

A roda da fortuna começou a se mover quando um grupo de pequenos vermes que habitam o solo, os nematoides, foram introduzidos através de mudas infectadas nos plantios de goiabeira da região do São Francisco e tornou o cultivo da goiabeira economicamente indefensável. O dano causado aos pomares era de tal ordem que não compensava insistir na manutenção dos campos que iam sendo abandonados em grande número.

As tecnologias disponíveis não eram exequíveis. Aplicação de determinados nematicidas no solo com alta capacidade de toxicidade, contaminava os trabalhadores, o solo e as águas subterrâneas e superficiais. Materiais resistentes não existiam, nem mudas com porta enxertos capazes de bloquear a entrada dos minúsculos animais nas raízes. Ainda hoje a dificuldade é grande mesmo havendo sido identificado genótipos de araçá, uma prima da goiabeira, que poderia fornecer mudas resistentes.

Mudas de goiaba-araçá já estão disponíveis, mas a um custo de quatro a cinco vezes superiores as mudas de goiabeira não sendo acessíveis a todos.

Começou a mudança

Vendo oportunidade bater à porta, os empreendedores de Mirandiba resolveram apostar no cultivo da goiabeira mesmo sabendo que poderia ocorrer na região o que estava ocorrendo no Vale do São Francisco. A verdade é que a água disponível no aquífero deixou de ser usada na cebola, no tomate, no coqueiro para ser predominantemente aplicada nesta nova opção.

Já se vão de sucesso, expansão do cultivo e conquista de novos mercados. As indústrias processadoras de doce ficaram aliviadas uma vez que surgiu uma região produtora de matéria prima no centro do Sertão, facilitando a logística. O melhor, contudo, foi a prioridade do cultivo para frutos de mesa. O que implica em melhor remuneração, mais tecnologia, domínio do pós-colheita e uma boa organização de comércio e transporte.

 A goiaba de Mirandiba está nas gôndolas dos supermercados

Aos poucos a produção excedia ao consumo das cidades de Serra Talhada e Salgueiro, as maiores cidades à leste e oeste de Mirandiba o que forçou aos que fazem o comércio de frutas frescas buscarem mercados de Caruaru e Recife. O fizeram com sucesso. Em seguida outras capitais do Nordeste passaram a ser abordadas e atualmente são dezenas de caminhões de frutas para mesa que abastecem os mercados de Pernambuco, além de capitais como João Pessoa, Natal e Fortaleza.

Lição da história: os médios e pequenos perímetros irrigados serão a aposta do futuro

A oferta de áreas adjacentes a grandes cursos de água se torna escassa e já não há como se promover com recursos públicos a instalação de perímetros irrigados como os modelos encontramos no submédio e baixo São Francisco. Uma região, em particular soube bem aproveitar os investimentos, é o caso de Petrolina-Juazeiro, outras não tiveram o mesmo nível de organização ou optaram por opções de cultivo e organização empresariam que não tão dinâmicas. Em outra situação como é o caso do Oeste da Bahia, apesar da insistência de muitos por lá de que contariam com disponibilidade de água para uma área irrigada adicional de 150.000 hectares é sabido que tal uso comprometeria fortemente a recarga da bacia do São Francisco. Resta saber como se poderá aumentar a área irrigada brasileira em curto prazo.

O relato sobre o que ocorreu em Mirandiba é para ser estudado com um pouco mais de rigor. Quase sem contar com investimentos públicos, uma vez que toda infraestrutura de perfuração de poços e uso das terras é de caráter privado,  havendo, por outro lado, uma reclamação geral pela forma como os empreendedores regionais têm que dialogar com os órgãos de controle e gestão de água, cada um a seu modo, com recursos próprios ou contando com  empréstimos em bancos oficiais ou privados estabeleceu sua empresa e está malha de pequenas e médias propriedades que têm como base uma agricultura competitiva e moderna.

Pernambuco conta com outros aquíferos que podem ser explorados nos próximos anos, inclusive este em referência se estende desde São José do Belmonte, passando pelos municípios de Mirandiba, Carnaubeira da Penha, Serra Talhada, alcançando Betânia.

Certamente não se trata de um volume de água a se considerar infinito, entretanto em quantidade suficiente para que, sem sendo usada com critério dará para gerar milhares de empregos e dinamizar ainda mais a economia de cidades que por si só já evoluíram para um processo de crescimento rápido a exemplo de Mirandiba e Serra Talhada.

Fonte: Jornal do Sertão

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Gere de Salgueiro conclui testes com biodigestor em Mirandiba

A gerência de Salgueiro do Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA) realizou os testes finais do biodigestor da comunidade Quilombola do Araçá em Mirandiba. Este equipamento é o segundo instalado pela regional de Salgueiro. O primeiro está funcionando há dois anos em Verdejante.

Os projetos executados pela regional de Salgueiro são financiados com recursos do Programa Dom Helder, gerenciado pela diretoria de Extensão Rural do IPA. Os projetos técnicos são acompanhados pelos extensionistas Francisco Savio Sá e Luiz Carlos Ferreira, com apoio do extensionista Francisco Charles Cabral.

O Biodigestor é um compartimento fechado onde ocorre decomposição de matéria orgânica, produzindo biogás e biofertilizante. Cada sistema de produção vai ter o seu biogás, no que diz respeito ao teor de metano e funcionamento do biodigestor.

Segundo o Ministério do Meio Ambiente (MMA) é estimado que 85% das famílias das zonas rurais no nordeste, utilizam a lenha para cozinhar. A OMS estima que 3,8 milhões morrem todo ano no mundo por poluição doméstica (fumaça do fogão à lenha) sendo mulheres e crianças as mais vulneráveis.

Fonte: Núcleo de Comunicação

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