Ao longo da história da implementação de politicas públicas, no Brasil, a não ser de certos anos para cá, nunca houve uma ferramenta de gestão que possibilitasse as empresas públicas oficiais de prestação de serviços de assistência técnica e extensão e de pesquisa, a exemplo das extintas EMATERES e do IPA realizarem avaliações de viabilidade econômica das suas respectivas ações no desenvolvimento de projetos de cunho social, Na minha caminhada de extensão rural, há mais de 45 anos, principalmente quando estive no cargo de diretor de Extensão Rural da extinta EBAPE e do IPA, sempre questionava com vários colegas, o porquê de não procurar saber o que acontecera na vida dos agricultores assistidos por nós, num certo período de tempo! O que se fazia era, apenas, uma análise qualitativa sobre o que se planejara e o que se tinha alcançado, procurando-se justificar quando não se alcançava cem por cento das metas. Isso sempre me deixou angustiado!
Esse paradigma poderá ser quebrado, hoje, graças a Metodologia de Avaliação de Projetos Sociais disseminada, principalmente pela Fundação Itaú, é possível utilizar essa ferramenta de gestão para identificar e responder as seguintes questões: a) os seus objetivos foram alcançados? ou seja, fez diferença para os participantes dos projetos, avaliando-se quantitativa e objetivamente os dados dos projetos. Com isto, será possível contribuir na realização de ajustes e aperfeiçoamento; b) houve impacto social? É uma oportunidade de avaliar e verificar qual tenha sido o impacto desses projetos, na vida dos participantes. E, depois, saber se os resultados obtidos foram realmente causados por eles; c) Houve retorno econômico para a sociedade? Ou seja, será possível comparar os investimentos dos projetos e os benefícios monetários gerados ao longo da vida dos seus participantes. Trata-se, portanto, do retorno social da iniciativa; e, d) consequentemente, será possível identificar a transformação da realidade.
É público e notório que a implantação de projetos sociais pelo IPA, são considerados como experiências exitosas, a exemplo do Projeto Dom Hélder, PAA, Horta em Todo Canto, Mãe Coruja, Pronaf, Quintal Produtivo (Calumbi), Programa de Palma Forrageira, Programa de Melhoramento Genético, entre outros, ou mesmo de resultados de Unidades Demonstrativas, como a de Criação de Camarão Marinho no Semiárido, com afirmações de terem produzidos bons resultados transformadores para os seus beneficiados. Não seria oportuno, agora, usar essa Metodologia, já que a “Casa” tem técnicos com conhecimento e domínio da mesma, no sentido de conhecer as transformações ocorridas? de medir a eficiência desses projetos? Como assegurar que os recursos foram suficientes e bem aplicados? A avalição econômica é o caminho para encontrar essas respostas. É de bom alvitre lembrar que, três análises preliminares foram realizadas pelo IPA, nos Macroprogramas de Pecuária de Leite, Terra Pronta e Produção de Grãos, Raízes e Tubérculos nos três últimos anos.
Trata-se, portanto, de um processo contínuo que contribuirá para a melhoria da gestão, para consolidar conhecimento na viabilidade e na consistência de programas e projetos sociais. Todavia, organizar e implantar eventos de capacitação, para todos os extensionistas e pesquisadores seria a estratégia inicial, como forma de disseminação desse conhecimento e da importância do uso dessa ferramenta de gestão. Evidentemente essa idéia, caso aceita, poderia ser discutida e implantada após essa tempestade da COVID 19.
Artigo de Giuberto Ramos | Supervisor do DEPG/DER
Fonte: Núcleo de Comunicação