Por Antonio Raimundo de Sousa
Pesquisador do IPA – Manejo e Conservação de Solos
A conservação do solo e da água tornou-se neste início de século, uma preocupação mundial, pois está diretamente ligada à sobrevivência humana e, mesmo assim, as práticas conservacionistas são pouco difundidas e ainda dependem de uma maior conscientização da sociedade. Num país de proporções continentais como o Brasil e detentor de uma das maiores concentrações de água doce do mundo, esta preocupação parece ser exagero.
Mas os fatos direcionam o contrário e mostram que a erosão dos solos e a poluição das águas vêm destruindo muito mais do que se pensa no Brasil e em diversos países. E o futuro pode nos reservar um papel grave na sobrevivência de população menos favorecida em termos de terras agricultáveis e mananciais de água, isso porque a população do mundo cresce em ritmo acelerado.
Segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), cerca de 700 milhões de pessoas não tem o que comer e aproximadamente um terço da humanidade sofre de desnutrição. É evidente que esta escassez de alimentos tem uma relação direta com a queda de produtividade das culturas afetada pela erosão do solo.
Por outro lado, conscientizar o homem do campo sobre essa questão conservacionista não é uma tarefa fácil e mais difícil é classificar uma atividade produtiva como agressora da natureza, principalmente porque os efeitos da exploração inadequada dos recursos naturais não trazem consequências imediatas. É preciso insistir e criar campanhas de preservação ambiental que atinjam um número maior de agricultores. Por esta razão devido à falta de informações e critérios universais não é fácil definir exatamente o conceito e a abrangência dessas práticas agrícolas.
A falta de cuidados com o meio ambiente e com as terras agrícolas tem gerado degradação e desertificação dos solos, que é a principal causa de queda de produtividade dos cultivos. A utilização intensiva desses ambientes, sem considerar a diversidade e sem o manejo adequado, resulta na degradação dos solos, dos recursos hídricos e da biodiversidade. Podem-se citar, como exemplos, desmatamentos, queimadas, preparo do solo de forma excessiva e no sentido morro abaixo, monocultura, uso de fertilizantes sem a recomendação da análise química do solo, uso indiscriminado de agrotóxicos, e ausência de práticas sustentáveis. Esses fatores aceleram o processo da erosão do solo, uma vez que, provocam a perda de nutrientes e matéria orgânica, compactação, encrostamento, poluição, inundação e assoreamento.
Por outro lado, o fenômeno da erosão provocada pela água da chuva ou até mesmo pela irrigação pode ter o efeito reduzido e controlado por meio de práticas de manejo e conservação do solo e da água, sendo as mais utilizadas: adubação, calagem, matéria orgânica, cobertura do solo, rotação de culturas, cultivo em nível, plantio direto na palha, adubação verde e terraceamento.
Portanto, o agricultor deve ser orientado para obter um arranjo de lavouras, fruteiras, pastagens, matas, construção de estradas, canais escoadouros e açudagem, em equilíbrio com o clima, solo organismos e atividades socioeconômicas. É preciso ressaltar que a combinação de procedimentos de uso e manejo do solo que resultem na sua proteção contra a deterioração por fatores naturais ou antrópicos seja fundamental para manter os procedimentos de boas práticas agrícolas com uma abordagem abrangente e integrada das práticas de manejo e conservação do solo e da água.
Em função do exposto, verifica-se a importância da utilização dos recursos naturais em função da capacidade de uso da terra e ou aptidão agroecológica em consonância com os sistemas produtivos locais de cada região fisiográfica.
Fonte: Núcleo de Comunicação do IPA